Dividendos: empresas brasileiras pagam recorde em 2021 e Vale é destaque mundial

Segundo relatório, as empresas do Brasil desembolsaram US$ 25,4 bilhões em dividendos em 2021, ante US$ 9,4 bilhões no ano anterior.

O relatório da gestora Janus Henderson Investors mostrou que as empresas brasileiras, em 2021, distribuíram dividendos em valor recorde. A situação foi puxada pela Vale, oitava maior pagadora do mundo, após surfar na disparada dos preços do minério do ferro.

Segundo o documento, as empresas do país distribuíram um total de US$ 25,4 bilhões em dividendos no ano passado, ante US$ 9,4 bilhões no ano de 2020. Esse valor é o terceiro maior entre os emergentes, ficando atrás de China e Rússia. 

O Brasil representou mais da metade do crescimento nos mercados em desenvolvimento, que somaram US$ 164,4 bilhões em 2021, também recorde.

Do total distribuído no país, quase metade, ou US$ 12,4 bilhões, vieram da Vale. O número foi o segundo maior valor pago por uma empresa de mineração a nível mundial, sendo batida apenas pela BHP, destaca o relatório.

O levantamento é realizado em bases trimestrais e anuais e rastreia os dividendos das 1.200 maiores empresas em termos de valor de mercado no mundo. Os dividendos são registrados em dólares, o que também embute um efeito cambial, e são incluídos com base na data de pagamento.

Vale no ‘top 10’ dos dividendos

A presença da Vale no ‘top 10’ de maiores pagadoras segue tendência vista em todo o mundo, já que as mineradoras, junto com os bancos, foram os maiores impulsionadores do crescimento no valor recorde de dividendos globais distribuídos em 2021.

A empresa anunciou a retomada de sua política de dividendos em julho de 2020, após interrupção por cerca de um ano e meio, na sequência do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho (MG), em 2019, que matou mais de 250 pessoas.

Mas o cenário para 2022 no setor é incerto. “Os preços do minério de ferro são um fator importante e, apesar de terem se recuperado de uma desvalorização, estão num ponto mais baixo do que estiveram durante a maior parte de 2021”, diz o relatório.

O levantamento também destaca a Petrobras como grande impulsionadora do crescimento dos dividendos no país em 2021, com US$ 7,7 bilhões distribuídos.

Entre os bancos, o Banco do Brasil, com US$ 1,19 bilhão distribuídos, e o Bradesco, com US$ 1,15 bilhão, puxaram a fila.

O único setor do país a reportar dividendos mais baixos foi o de bebidas, dado o corte feito pela Ambev, de US$ 1,2 bilhão em 2020 para US$ 223 milhões em 2021.

Sobre os potenciais impactos da guerra na Ucrânia nos dividendos, Ignacio de la Maza, que comanda a área de América Latina na Janus Henderson, disse que isso vai “variar de acordo com o setor e a empresa, sendo alguns mais impactados do que outros por sanções e aumento dos preços dos insumos”.

Recorde global

Os dividendos globais tiveram valor recorde de US$ 1,47 trilhão em 2021, alta nominal de 16,8% ante 2020. Quando ajustados de dividendos extraordinários, variação cambial, efeitos temporais e alterações de índices, a alta foi de 14,7%.

Mais de um quarto do aumento atual veio das empresas de mineração, por causa da forte subida dos preços das commodities. 

A BHP se tornou a empresa com dividendos mais elevados no mundo, com Rio Tinto na terceira colocação e Fortescue, na 10ª.

A retomada da distribuição de benefícios por empresas que tinham interrompido suas políticas em 2020 devido à pandemia ajudou a impulsionar os números, como no caso de bancos.

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